Entre

E ai puxe a cadeira, sente nas paredes, aqui tudo é permitido, menos palavrão, pelo menos você não, de resto fique a vontade...

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Assim você chegando

Era água era a chuva era o mar Era quente, era a pele e eram também os pelos Eram barulhos: chuva caindo ou teus gemidos, nossos gritos baixinhos Barulhos de abraços abafados De mãos apertando e sussurros guturais Eram cheiros de suores e perfumes... um novo cheiro que era o teu, misturado ao meu ... E eram as cores da noite, da lua... do dia que amanheceu Eram gostos doces, salgados e um gosto outro que não tinha nome Eram falas despropositadas quase poemadas ao longo dia Era um sorriso meio discreto e aberto pela mensagem afobada e tão cheia de graça Era a vida era uma paz e uma falta de sossego E você acontecendo cheirando, gemendo ...me tomando ...me sendo

quinta-feira, 23 de abril de 2015

amor selvagem

Eu pensei em pedir desculpas...mas não pude, travou tudo na garganta Era pra ter dito alguma coisa que não te ferisse Mas eu fiquei ressentida Toda alma ressentida as vezes quer o sangue da outra alma Pra nadarmos os dois nas mesmas margens Foi violento também Foi feito de amor selvagem, daqueles que rasgam a carne: deixam pele e unha e pelos ... Você deixou teus restos pela casa pela cama pelo banheiro E fui eu quem ficou em pedaços Não perdoei o teu desmantelo Eu queria arranhar tua pele por dentro Até você pedir arrego Até você chorar ... eu queria, mas tua lagrima também me doía E eu te magoei as vezes eu sei Te fiz virar criança insegura Mas era minha defesa, era pra saber se ainda sentia Agora não tenho mais tua fala Nem teu rosto Nem teu sorriso O amor que era selvagem Não sobreviveu domesticado... Um abraço ...mas eu ainda não te perdoei ... Só te fiz mais um poema Talvez um dia ele se acabe quando teu cheiro Não estiver em qualquer parte da minha lembrança! Se estiver por ai um dia e alguma coisa minha ainda te afetar Saiba que não te perdoei ainda ... Mas tenho um amor ainda muito grande gritando feito um louco te esperando me encontrar...

segunda-feira, 23 de junho de 2014

despedidas ...

Ele chegou com seu perfume mais doce... Estava de moletons e tênis... Não era comum... Achei estranho mas não disse nada. Ficou sério...nenhuma piada...esfriou tudo do meu peito pra baixo, do ventre até as costas...minha cara ficou quente... Pegou o celular e colocou no bolso... parecia estratégia...olhava a porta... Não me encarou a manhã inteira e ficou quase o tempo todo mudo. Almoçamos juntos...queria chorar aos montes, dar um tapa nele, mas permaneci em silencio, quase imóvel. Imaginei que se me mexesse eu me perderia inteira... Queria aproveitar os últimos minutos. Pediu para buscar um vinho, senti alivio, me achei tonta e ri sozinha. Demorou uma eternidade, voltou mais risonho, disse ter encontrado uns amigos... Bebemos uns primeiros goles, ele disse que me achava linda. Levantei pra encher nossas taças e ele me pegou pelo braço... Calor novamente, quase me joguei inteira em cima dele...seu toque me desequilibrava o corpo todo... Me encarou e disse "que me amava, mas não sabia o que acontecia com ele, não era eu, o problema era ele"...Uma lacuna se estendeu onde antes havia só ele... Peguei o vinho, e joguei nele...Foi saindo meio de lado... não dizia nada. Ele entendeu. Peguei tudo dele e joguei na rua...acordei na calçada aquela noite, também jogada...

terça-feira, 17 de junho de 2014

Mazelas da vida...

As vezes chegamos ao mundo de algumas pessoas devido aos acasos que regem as leis da vida. E chegamos tão cheios de vida nova, quase sempre carregados de tanta sobriedade e tanta loucura, que seduzimos o outro a ponto dele querer fazer parte da gente... Não é premeditado, mas eu sei que muitas vezes a gente comete erros... Eu sei que nestas horas podemos deixar um coração aos pedaços... Mas não dá pra voltar atrás em certas coisas erradas que cometemos... O que foi ruim é que desta vez, o coração partido, foi justo o meu. Eu juro que não desejo mal nenhum a você, do fundo do meu coração... Eu só não queria... ter te conhecido um dia...

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Reflexões sobre o amor

Eu não quero ir embora e esperar o dia seguinte. Porque cansei dessa gente que manda ter mais calma. E me diz que sempre tem outro dia. E me diz que eu não posso esperar nada de ninguém. E me diz que eu preciso de uma camisa de força. Se você puder sofrer comigo a loucura que é estar vivo. Se você puder passar a noite em claro comigo de tanta vontade de viver esse dia sem esperar o outro, se você puder esquecer a camisa de força e me enroscar no seu corpo para que duas forças loucas tragam algum equilíbrio. Se você puder ser alguém de quem se espera algo, afinal, é uma grande mentira viver sozinho, permita-se. Eu só queria alguém pra vencer comigo esses dias terrivelmente chatos.” Tati Bernardi Eu acho que quase ninguém quer verdadeiramente viver sozinho, queremos alguém que nos entenda, que fique conosco nos dias frios, que nos proteja...que possa fazer parte da rotina da nossa vida, intermediando amenidades com os calafrios que é espera por quem se gosta e a desonestidade de continuar vivo... Mas vivemos de idealizações e imediatismos... Penso que projetamos no outro aquilo que gostaríamos que o outro fosse para satisfazer o que somos, como se o sujeito pudesse nos salvar até mesmo do que somos, um sujeito despersonalizado e que obedece a nossas mais terríveis ações tirânicas de mudar a natureza do que é o outro. Até nos permitimos, mas estamos tão cheios de restrições e poréns, cheios de medos próprios, geralmente remanescentes eficazes das relações anteriores que vamos cultivando estas dores. E por estarmos assim doentes ficamos receosos de viver e ser de alguém, sustentando os nossos defeitos, nossas neuras todas, sem idealizações... Vão haver momentos lindos e outros profundamente difíceis. Eu quero estar com alguém que saiba realmente disso.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Considerações a cerca dos meus trinta anos

Gosto de escrever. Bem ou mal, eu gosto da escrita e a utilizo como uma fotografia interna. Vejo minhas passagens emocionais sendo documentadas por anos... Ou melhor, desde o momento em que aprendi a palavra escrita. Bem, tenho as cartas de final de ano que são os registros das emoções e passagens vividas pelos anos a fio. E já foi uma dezena de cartas escritas. Quantos amores, quantos novos planos, quantas brigas... Em todas elas estou sempre me prometendo ser uma pessoa melhor, mas não sei se foi um plano que funcionou muito bem. Tenho algumas considerações a fazer sobre esta idade. Confesso que a principio tenho me assustado um pouco. Tive medo de perder a identidade de quem eu era. Mas se antes eu tinha dificuldade em defender aquilo que eu era hoje esta dificuldade esta um pouco mais amenizada e já consigo falar sobre o que sou sem ficar me escondendo num passado cheio de cicatrizes. Sou de fato uma briguenta. Às vezes vejo almas bondosas e calmas, e sinto uma inveja por não conseguir ser assim. Mas agora admito a mim mesma que talvez isto nunca mude. Talvez os espaços, minha condição profissional, meu tom de pele, minha indignação não permitam que eu apenas me torne fantasticamente delicada... Em diversos momentos serei bruta, agressiva, e indelicada. Aprendi a lidar com meus sentimentos de diversas formas... Mas erro inúmeras vezes mesmo assim... Em certo momento percebi que eu não era mais querida, que as frases ríspidas que eu dizia magoavam e não poderia culpar a mais ninguém. Neste momento eu notei que causaria algumas mágoas pelos espaços que eu percorria, era possível que eu não recuperasse plenamente aquela amizade um dia desfeita. Eu também me percebi insegura em relação a quem eu era e as coisas que eu dizia. Treino há anos tratar as pessoas de forma mais amena em minhas respostas. Mas sem muito sucesso continuo por ai a deflagrar meu veneno, nem sempre em momentos oportunos. Tenho notado também um pouco de receio em algumas pessoas que vem tratar comigo. Este receio deve advir da minha maneira um pouco rude de responder a certas interpelações. Tenho também tentado melhorar isto. Mas os estragos feitos podem não ser recuperados a contento. Tenho que fazer uma limpeza intensiva dentro de mim. Ficando longe de algumas pessoas que me ajudaram a me tornar ainda mais nociva. Tenho tentado ficar longe de situações que me possam por medo e angustia. Animais encurralados tendem a ser mais violentos e agressivos. Percebi que em alguns momentos eu estava sofrendo de depressão. Mas não consegui em momento algum admitir que estivesse doente. Achei que poderia dar conta como até aqui. Mas era a maior das minhas loucuras... Troquei o dia pela noite, dormia pouquíssimas horas... Não comia... Fiquei a mercê dos porres que de vez em quando eu me infligia para amenizar a dor. E acordava mais inerte do que antes, com a dor da ressaca no estomago e por vezes no coração, pelas coisas que eu poderia ter evitado. Deixei que muita gente dissesse o que eu tinha que fazer. Permiti que elas fizessem isto, por que eu não tinha força psicológica para resolver determinadas situações sem me colocar como uma fracassada. Eu não era. Eu sabia que não era. Mas não tinha força nem para pensar o contrário. Morri de mortes curtas por muitos dias, quando cheguei ao cerne mais profundo da dor. Aquela dor que faz a gente chorar até perder o fôlego, quando não sai som da boca, e seu corpo se torce inteiro querendo expulsar aquilo que o consome. Achei que neste momento eu havia sido morta. Mas como que por milagre eu acordava com vontade de viver por mais dia. Notei que não se pode viver desta forma. Querendo ter força pra sobreviver apenas aquele dia. Teria que fazer algo indiferente, pois o que estava fazendo, me enchendo de paixões avassaladoras, estava me fazendo quase não respirar direito. Me apaixonei por uma série incontável de pessoas, sempre muito, e sempre desreguladamente. Me apaixonei por homens incríveis e por verdadeiras bestas ambulantes. Fiz muitas merdas, tirei gente que eu não queria da minha vida. Falei muitas bobagens afastei gente que eu amava por orgulho, por vaidade. E eu nunca consegui superar isto. Eu li Clarice como se ela de verdade pudesse me dar um sopro de vida. E a lia para encontrar alento, para dividir com ela os segredos que eu não expunha aos meus amigos mais queridos, não queria que ninguém me visse doente. Não queria que ninguém perdesse a fé de que eu era forte. De que eu era a mulher incrível, que a parcela mais querida dos meus amigos, insistia em dizer ser aquilo que eu era realmente. Me enfiei em perspectivas fantásticas de como poderia ser o mundo. O mundo de bolinhas cor de rosas. Acho que ouvi de algum amigo na adolescência. Mas imagino agora que eu não tenha mudado quase nada. Só sei que consigo imaginar um bilhão de planos novos e como numa cena de cinema, me vejo lá fazendo uma porção de coisas legais que eu acho, me dariam vida. Não acho que depois da meia noite simplesmente nascerá uma pessoa completamente diferente. Não vou estar sozinha desta vez, é uma diferença para os outros anos em que geralmente eu me escondo e bebo e choro e xingo o mundo. Uma amiga linda, (estas embora não saibam tanto, tem salvado muito dos meus dias, dos mais perdidos dias) me mandou um vídeo que falava sobre a escrita. Eu tenho muita paixão ainda. Tento escrever sobre todas elas. Sobre as minhas memórias de infância, sobre os livros, os filmes, as passagens bonitas e as feias, as maravilhosas viagens acompanhada ou sozinha. Tenho um sem numero de memórias salvas, que ficaram sobre minha pele. É minha grande terapia, embora eu esconda parte dos meus versos. Que bom seria se eu tivesse tanto talento pra tanta vaidade, em esconder certos sentimentos. Amanhã a meia noite, tenho a impressão quase legitima de que alguma coisa vai entrar no eixo. Alguma coisa vai ser parte do que eu sou, e não vai mudar mais, não terá mais jeito. Tenho medo de ser a mulher que imagino, tenho mais medo de não estar nem perto da mulher que eu quero ser. Estranho, uma moça brincando disse-me, outro dia, ter raiva por eu ter cara de menininha. Eu também tenho um pouco de raiva, mas sem brincar como ela. Isto confunde muito minha cabeça, quando eu olho no espelho, não consigo me ver como uma princesa, nem como uma rainha. Parece que estou sempre brincando, vestindo um personagem pra representar a minha mulher, a minha menina e as minhas mais fantásticas fantasias. Peço desculpas a todos e todas que tenham experimentado minha de força de raiva, minha força de arrogância. Não eram as minhas melhores qualidades. Mas como disse minha amiga, tenho a sorte, mesmo que de forma singela, de poder transcrever no papel todos os sentimentos que trago dentro deste peito, tão cheio de histórias inapropriadas pra contar. Se chegou até aqui pode ser que tenha se identificado com quase tudo ou com algumas passagens. Escrevi por certo, para aqueles que estiveram, por dias, por anos, por uma vida, aqui perto desta sujeita torta e sem zelo. E que não tem tempo de cometer maldades sérias, simplesmente por que é dispersa demais da vida. Eu posso até ter te magoado, mas com certeza não tive a intenção de te ferir, eu não tenho tempo pra este tipo de plano. Obrigada por estarem por perto...

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Me parece mais uma nota de despedida

Em poucos meses...escrevi três notas de despedida. Me despeço mais uma vez...No momento, de uma amiga de infância. Não consegui fazer um poema como de outras vezes. Quando recebi a noticia, andei de um lado a outro da casa sem saber o que faria, era um vazio interno tão imenso...eu não queria falar, eu queria que alguém me dissesse o que deveria fazer... chorei como uma criança, sentida...mas não parou de doer... sentei pra escrever e chorei mais um bom tanto...tomei uns goles de vinho, tomei banho...a imagem dela nos meus cantinhos... se pedem a Deus, e eu não sei o que pedir...eu não sei o que fazer com meu vazio inteiro... estou em despedida...como se fosse um estado de espírito. Vejo as fotos dela, e despejo um turbilhão de emoção no mundo... acho que a energia poderia derrubar o quarteirão todo...mas ela ta aqui dentro, explodindo...me explodindo. Como meu corpo todo aguenta? Fico questionando a dor, é algo extremamente pesado e aqui em minha volta tem muita gente doendo, quero muito saber como é que se sente tudo isto? Eu juro que sinto muito... sinto muito por ter te abraçado há tanto tempo...vou tentar ser menos orgulhosa daqui pra frente e abraçar mais meus amigos... vou tentar dizer a eles que sinto falta e quando eles disserem que sentem a minha, vou fazer de tudo pra estar perto deles...por que agora não importa a falta que eu tenha te feito...eu não posso mais corrigir com você...obrigada pela humildade de sempre...vou tentar ser alguém melhor ...você gostava de mim mesmo sendo tão estragada. Estava pensando nisso...como é acordar num dia e simplesmente deixar de existir...fiquei com medo, medo por você...medo pelo que deve ter sentido... estou com muito medo de ir ver seu corpo sem sua vida...estou com medo de ver seu rosto sem você ...a casa vai estar vazia ..a merda toda é que estou um bocado arrependida eu devia ter ido antes...eu nem sei quem eu vou ser depois. Eu achei que não era sério...eu achei que você estaria lá Ela não irá se casar Não vai ter formatura Não vai ter lua de mel Não vai ter festa dos 40 Não vai ter filhos correndo Não vai ter diploma na parede Não vai mais haver almoço em seus domingos Não vai mais ter piadas sobre seu time Hoje foi sua maior festa: A de despedida E eu nunca havia lhe escrito um poema para ela...